quinta-feira, 7 de abril de 2016

MULHER, SEMIDEUSA



 

 

 

Vês,

Tu me apareces em forma de deusa.

Com poderes extra terreno,

                              Dizendo

                              E fazendo-me obsceno.

                              Obscuro!

Sensível mulher,

Dizes-me o que queres!

Queres a força magna

De um subjugado?

Queres que eu fique em cima do muro?

Queres que eu seja anêmico

                   E não tenha pigmentação?

            Que eu seja apolítico

                   E não tenha posição?

            Que eu seja abstêmio

                   Do liquido que me sustenta?

Queres um capacho de teus desejos?

            Um suporte para tuas ilusões?

Queres ver-me em

Incomensuráveis transformações;

Suando dores,

Alimentando-me de gemidos,

Vestindo o sudário do sofrimento?

Sem resgatar a minha honra

Deixando na sarjeta do subjugo

Todo o passado de um homem

Autônomo e emancipado?

              Mulher, semideusa!

Não quero ser escravo dos teus caprichos,

              Nem da tua beleza,

              Nem do teu poder.

Quero simplesmente dividir

                   Poderes

                   E deveres contigo

Quero ser companheiro

                   E amigo.

Não quero ser mandatário de teus sentimentos

Nem quero receber proventos

Pela tua paixão.

                   Quero só ganhar

                   O teu coração.
Zé Salvador.
                           S. G. 1987.
                            Bem antigo, mas eu continuo com esse pensamento.
 

 

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